Semblante – Por Henrique Córdova 76v68

Se eu lembrasse: A cor dos teus cabelos, A de tua pele, A de teus olhos, A espessura e forma de teus lábios, A tonalidade de teus dentes, A intenção do teu sorriso, Saberia quem tu és? O sonho, que tive, longo, Revelou os teus gestos, Mostrou tuas lágrimas, O teu sorriso indecifrável, As tuas mãos sem detalhes, As tuas vestes indefinidas, Ora claras, ora escuras, ora coloridas. Não alcancei o que fazias, Só sei que algo fazias: Ias para o norte, Voltavas, choravas e sorrias, Misturavas humores… As tuas adas, largas e suaves, Tanto ao ires, quanto ao vires, Traçavam no caminho nevado, O monótono desenho, em preto e branco, Das figuras indecisas, Até quando a noite começou a cair. Na claridade do dia que se impunha, A fumaça que levantava do solo úmido, Escondendo labaredas do seio da terra, Mais se dissipava, quanto mais subia. Em meio à luminosa manhã, Tão límpida e tão pura. Lúcido e em vigília, Nada mais vi, Nem mesmo senti, O que na escuridão, Senti e vi, Sem distinguir. 5p6b5

Deixe uma respostaCancelar resposta 5a6s6e

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.