Pedofilia: A História de Ana

Meu nome verdadeiro não é Ana, mas a história cruel que vou te contar é real e acontece todos os dias com crianças perto de você. Se você conhece algum caso, denuncie! Ajude a preservar a inocência de nossas crianças.

Essa história pertence a uma série de reportagens sobre Pedofilia. Traremos histórias reais de pessoas que sofreram abusos durante a infância e adolescência.
Um dos mais temidos crimes contra a infância, a pedofilia pode ser evitada prestando atenção aos sinais de comportamento das crianças.
Pedimos que tenham respeito as histórias contadas, reflitam e observem suas crianças. Ao sinal de mudança de comportamento, procure ajuda. Em casos de suspeita de abusos, denuncie!
Mais informações sobre Pedofilia você encontra na primeira matéria da Série:
Pedofilia: É preciso entender sobre o assunto e denunciar
Atenção: Nomes e informações pessoais serão modificados para preservar a identidade das vítimas.

 

Eu tinha 1 mês de vida quando minha mãe descobriu que estava com câncer de mama, em virtude dos tratamentos, cirurgias e quimioterapias, fui morar com uma tia Paula. Minha tia me tratava muito bem, cuidava de mim, me fazia sentir amada de verdade, todo esse carinho despertou em minha prima, Rita, um ciúme doentio. 12 anos mais velha, ela gritava comigo e me batia frequentemente.

Na casa ao lado morava minha Tia-avó Maria, que cuidava dos netos Pedro e João. Quando eu tinha 5 anos, para me fazer sofrer mais, Rita pediu que João, com 19 anos, tivesse relações sexuais comigo. Eu sofria muito, sentia dor, tinha sangramentos. Ele me abusava e ela me batia, depois me davam banho em um tanque com água fria para minha tia não perceber. Os abusos duraram 2 anos.

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Meu sofrimento era tanto que eu não conversava, me tornei uma criança tímida e introvertida, eu não brincava mais. Me isolei do mundo e de mim mesma. Queria me esconder.

Até que, finalmente, minha mãe teve alta do tratamento e pude ir para Lages morar com ela. Era a minha libertação daquilo tudo. A partir daí tive um final de infância mais tranquilo, mas eu não era mais uma criança normal, me sentia suja e achava impossível alguém me amar, proteger e cuidar de mim. Eu tinha medo dos adultos, medo de carinho, medo da proximidade, medo de tudo. Cresci cheia de traumas e meu único desejo era morar sozinha, pois achava que sozinha ninguém me faria mal.

Meus relacionamentos amorosos foram sempre um fracasso. Eu não sabia que ainda era possível sofrer mais abusos!

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Com 16 anos me casei, tudo certinho, na igreja. Eu só queria ficar longe da minha família e achei que seria feliz, amada e protegida, mas novamente começaram as agressões. Ele não aceitava o fato de eu não ser mais virgem aos 16 anos e me batia para que eu falasse com que eu havia tido relações. Os abusos, agressões e ameaças duraram 3 anos. Criei coragem e me separei. Fui morar sozinha, como eu sempre quis.

2 anos depois conheci outro homem, moramos juntos e tivemos uma filha. O relacionamento não durou muito tempo e nos separamos. Ele, junto com sua amante, que se dizia “minha amiga”, planejaram me matar para ficar com a guarda da minha filha. Sofri mais um abuso, dessa vez usaram objetos cortantes. Colocaram fogo no meu corpo e me abandonaram para morrer. Consegui pedir ajuda e me salvar. Na época ninguém foi preso, pois não houve flagrante.

Pouco depois eu tive um namorado com comportamento estranho, mas consegui me desligar antes que começasse tudo de novo.

Depois disso tudo eu tinha a certeza que esse mundo não era pra mim, várias tentativas de suicídio. Eu queria matar aquela dor.

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Foto: Garo/Phanie/AFP/Arquivo – Fonte: G1

Hoje, com 29 anos, estou bem melhor. Tenho as minhas coisas e consegui um bom emprego, há 9 anos moro sozinha, mas carrego toda essa dor comigo. Que afeta muita coisa.

Eu sempre fui muito ingênua e com medo de tudo e as pessoas se aproveitavam disso. Sempre guardei tudo quieta. Não sei como. Sofro muito, sou fechada, não gosto de fazer amizades. A dor no coração e na alma é enorme. Carrego esse peso há quase 30 anos, nunca denunciei por medo, pois eles ameaçavam me matar se eu contasse para alguém. Se falam que eu sou bonita, não consigo acreditar, evito roupas curtas, decotes, qualquer coisa que mostre meu corpo, porque o medo nunca a.

Quem me vê por fora, acha que sou apenas tímida, nunca poderiam imaginar tudo o que eu ei!

Eu não sei como consegui enfrentar tudo isso, por muito tempo culpei a minha mãe, porque ela me deixou com a minha tia e não consigo gostar dela, é muito difícil “ter e não ter uma mãe”.

Por algum tempo fiz tratamento com um psicólogo, que ajudou muito e amenizou alguns traumas. Espero que minha história ajude pessoas que sofrem com isso.

 

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Raio-X da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil — Foto: Claudia Peixoto/Arte G1

 

 

Mediante aos noticiários frequentes de abuso sexual com crianças, foi desenvolvido um vídeo para alertar as crianças sobre abuso sexual de uma forma clara e concisa. Pode ser mostrado para crianças a partir de 2 anos de idade. Vamos juntos orientar os nossos filhos e alunos. A comunicação e informação pode salvá-los desses indivíduos malfeitores. Compartilhem o máximo que puderem, nosso único objetivo é proteger à quem amamos. O vídeo foi disponibilizado no Facebook do SãoJoaquimOnline.

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Essa é uma matéria editada por Beatriz Rosa Chiodeli, do São Joaquim Online, em uma parceria com o CREAS, Dra. Dayana Kisner Grings (Advogada), Karine Rodrigues (Acadêmica de Investigação e Perícia Criminal), Dra. Regiane Viana da Silva (advogada), Elisângela da Rosa (pesquisadora) e Sallime Chehade (Pedagoga, Jornalista, Graduanda em Direito e Pós-graduanda em Psicologia Infantil, coordena o Movimento Social Diga não à Pedofilia há 7 anos, clique aqui e conheça a FanPage).

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