Pedofilia: A História de Luma

Meu nome verdadeiro não é Luma, mas a história cruel que vou te contar é real e acontece todos os dias com crianças perto de você. Se você conhece algum caso, denuncie! Ajude a preservar a inocência de nossas crianças.

Essa história pertence a uma série de reportagens sobre Pedofilia. Traremos histórias reais de pessoas que sofreram abusos durante a infância e adolescência.
Um dos mais temidos crimes contra a infância, a pedofilia pode ser evitada prestando atenção aos sinais de comportamento das crianças.
Pedimos que tenham respeito as histórias contadas, reflitam e observem suas crianças. Ao sinal de mudança de comportamento, procure ajuda. Em casos de suspeita de abusos, denuncie!
Mais informações sobre Pedofilia você encontra na primeira matéria da Série:
Pedofilia: É preciso entender sobre o assunto e denunciar
Atenção: Nomes e informações pessoais serão modificados para preservar a identidade das vítimas.

90%
Você sabia que 90% das crianças molestadas são vitimas do pai, avô, irmão, primo muito próximo ou padrasto?

 

Meu pai é pedófilo e abusou sexualmente de todas as suas filhas e minha mãe nunca achou que o jeito carinhoso dele podia ser abuso. Quando minha irmã do meio casou sobrou lá em casa uma menina de oito anos que precisava ser iniciada(eu).

Ele deixou a minha mãe no bar, que era anexo a casa, e pediu pra eu entrar e trancar a porta da casa. Um instinto natural me disse pra não fazer, mas ele era meu pai e não faria nada de mal comigo. Ele me levou para o quarto do casal e começou a perguntar: “o que você vê nos homens quando vai praia?”; “Você já viu um homem pelado?”; Então disse que ia me mostrar como era. Tirou sua roupa. Tentou penetração e eu gritei. Com medo dos gritos, pois minha mãe estava perto, pediu que eu fizesse outras atividades sexuais. Depois de “terminar” me disse pra nunca contar pra minha mãe, pois ela iria brigar e ficar muito triste comigo.

10 a 20 dos casos
A decisão da vítima em não registrar o crime é o fato de o agressor ser parente próximo da vítima ou portadora de deficiência mental ou doença mental grave, o medo da reação do agressor e de sofrer constrangimento e humilhação.

Depois disso que vivi é claro que mudei meu comportamento em casa, principalmente com meu pai com quem era tão apegada. Minha irmã que tinha casado percebeu e me perguntou se ele tinha feito algo comigo, mas como eu poderia contar se amava tanto a minha mãe? Contar a verdade faria ela ficar triste comigo, então não contei nada, mas minhas irmãs, que aram pelo mesmo problema, perceberam. A partir desse dia, aram a cuidar de mim e evitar que eu ficasse sozinha com ele. Quando eu tinha onze anos a minha irmã mais velha se casou e ou a me levar para a casa dela nas sextas-feiras e me deixava na escola nas segundas-feiras.

Minha mente infantil amenizou minha dor, deixando no ar o que tinha acontecido. Às vezes, parecia que tinha sido apenas um pesadelo, mas sempre que eu via ele me espiando tomar banho pela janela do banheiro ou ficar me vendo dormir na cama, ou quando suas mãos tocavam partes do meu corpo “sem querer”, eu lembrava que tinha sido real.

estimativa

Desde os oito anos achava que a culpa dele ter feito aquilo era minha. Primeiro porque era o possível motivo para minha mãe brigar e ficar triste comigo e depois porque percebi que era assim que a sociedade enxergava as mulheres que avam por abusos ou estupros.

Eu era uma criança feliz, extrovertida, cheia de amigas, brincalhona… Me tornei uma criança triste, só queria ficar sozinha. ei a não confiar em ninguém, tinha medo que outros homens me tocassem. Por ter medo de sair da cama e encontrar meu pai no corredor, fiz xixi na cama até a adolescência. Me tornei extremamente ansiosa. ei a brincar com minhas bonecas em posições sexuais. Me masturbava com minhas bonecas e ursos de pelúcia. ei a ter pesadelos com frequência.

crimes

Na adolescência não queria me tornar moça. Fazia vozes infantis como mecanismo de defesa. Tentava ser a criança e adolescente mais frágil do universo. Detestava usar roupas que mostrassem meu corpo ou minhas curvas. Imagine uma adolescente de 15 anos, que usava numero 36, comprar uma calça 40 preta e usar somente roupas pretas e roxas. Cabelos desgrenhados e andar fedorenta pra não chamar atenção de nenhum garoto.

A minha iniciação sexual quando adulta foi muito difícil. Era muito insegura e ciumenta pois não podia confiar nos homens. Sempre tive medo de desapontar e decepcionar as pessoas. Preferia sofrer a deixar outro triste.

Hoje, aos 41 anos, ainda sofro consequências: tive depressão e tenho transtorno de ansiedade generalizada, sou muito insegura. Tenho medo de desapontar ou deixar os outros tristes comigo.

Como uma frase pode mudar a vida de uma pessoa por tanto tempo? “sua mãe vai ficar triste com você”.

infancia_dignidade

Apesar de ainda viver consequências do abuso, hoje não me culpo e não tenho vergonha de falar sobre o assunto. Esse tabu deve ser desfeito. Precisamos falar sobre isso para pais e crianças. Nas escola, na igreja e em outros grupos sociais. Prevenção é essencial para isso. Precisamos ensinar a nossos filhos que os amamos e que se alguém os machucar você nunca ficará triste ou zangado com eles, que eles podem confiar em você e contar o que aconteceu. Que a segurança, tanto de seus filhos como a sua, depende da verdade, pois muitos abusadores ameaçam agredir pai, mãe, avós e irmãos das crianças abusadas.

 

 

Essa é uma matéria editada por Beatriz Rosa Chiodeli, do São Joaquim Online, em uma parceria com o CREAS, Dra. Dayana Kisner Grings (Advogada), Karine Rodrigues (Acadêmica de Investigação e Perícia Criminal), Dra. Regiane Viana da Silva (advogada), Elisângela da Rosa (pesquisadora) e Sallime Chehade (Pedagoga, Jornalista, Graduanda em Direito e Pós-graduanda em Psicologia Infantil, coordena o Movimento Social Diga não à Pedofilia há 7 anos, clique aqui e conheça a FanPage).

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