
Há coisas que não se compram, não se impõem por decreto e muito menos se resolvem com políticas públicas. Estamos falando de “cultura”. E nesse quesito, por mais que doa itir, São Joaquim tem perdido — e muito — para sua vizinha, Bom Jardim da Serra.
Enquanto aqui se discute quem deve regar as flores dos canteiros ou quem é responsável pela poda das árvores, em Bom Jardim os próprios moradores e comerciantes cuidam das fachadas de seus estabelecimentos com zelo e orgulho. Eles regam as plantas, mantêm os jardins limpos e são os primeiros a dar o exemplo de preservação do que é público. Já em São Joaquim, o que se vê são canteiros secos, flores murchas e árvores morrendo por falta d’água. Isso quando não são podadas de forma drástica pelas calçadas ou simplesmente abandonadas à própria sorte.

O problema vai além da estética. É um reflexo direto da consciência coletiva — ou da falta dela.
Bom Jardim da Serra tomou uma atitude ousada e extremamente eficaz: em 2024, aboliu as lixeiras públicas no centro da cidade. Parece contraditório, mas funcionou. A lógica é simples e profunda: “lixo atrai lixo.” Com isso, acabou-se o acúmulo nas calçadas, eliminando a cena rotineira de sacos rasgados por cães de rua e o aspecto degradante das lixeiras transbordando a céu aberto. Lá, o lixo só vai para a rua na hora exata da coleta.

Enquanto isso, em São Joaquim, mesmo com a existência da Lei do Boulevard de 2021, que determina que o lixo comercial só deve ser colocado nas lixeiras públicas após as 18h (ou 17h aos sábados), a norma é solenemente ignorada. Desde o início da manhã já é possível ver caixas, sacolas, isopores e todo tipo de resíduo espalhado pelas calçadas. A imagem é triste: além da poluição visual, atrai insetos, espalha mau cheiro, compromete a saúde pública e mancha a reputação de uma cidade que “uma dia” sonha em viver do turismo.


Cultura não é apenas tradição, festa ou música típica. Cultura também é cuidado, respeito pelo espaço coletivo e senso de pertencimento.
É difícil falar disso sem parecer duro, mas o contraste está aí, à vista de todos. Enquanto Bom Jardim avança, São Joaquim estaciona — ou pior, retrocede. Não por falta de leis, mas por falta de consciência.
Talvez seja a hora de pararmos de comparar as cidades apenas pela altitude, beleza natural ou potencial turístico. Talvez o que falte mesmo em São Joaquim seja uma mudança de mentalidade. E isso, infelizmente, não se compra. Se cultiva.

Infelizmente São Joaquim está perdendo muito pra suas vizinhas. Não tem muito tempo ado pela praça Cezário Amarante vim um dos bancos quebrado e escondido atrás de uma das árvores.
Quando vamos aprender a cuida da nossa cidade e deixar ela bonita di novo pra trazer novamente os visitantes.