Cerca de 7,5 bilhões de abelhas ajudaram a polinizar os pomares de maçã em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul nesta safra. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), ao todo, 150 mil colmeias foram espalhadas pelos 33 mil hectares cultivados com a fruta nos dois Estados e ajudaram a garantir o bom desempenho das macieiras até aqui, apesar do clima extremo. 2a1q2y
Como o pólen das macieiras é muito pesado, o vento não é capaz de levá-lo de uma planta à outra nas regiões mais altas, como Fraiburgo (SC), São Joaquim (SC), Vacaria (RS) e Caxias do Sul (RS), com altitudes que variam de 900 metros a 1,1 mil metros. As abelhas, então, são as principais responsáveis pelo transporte dos minúsculos grãos e em uma “parceria sustentável” na polinização dos pomares.
Em dezembro ado, a maioria dos pomares de maçã no sul do país já estava com frutas do tamanho de uma azeitona. Neste mês, alguns já estarão no ponto de colheita. A safra, que será colhida até junho de 2024, tem potencial para chegar a 1,1 milhão de toneladas — foram 1,03 milhão de toneladas na temporada 2022/23.
São colocadas três colmeias por hectare. A polinização é realizada, principalmente, com a abelha-africanizada. “Quando temos cerca de 5% da flor desenvolvida é que instalamos as colmeias no pomar”, diz Ferreira. Elas ficam no pomar por cerca de um mês e, em seguida, são retiradas. Depois disso, as macieiras começam a frutificar.
Os apicultores recebem entre R$ 120 e R$ 130 por colmeia alugada. Além disso, ficam com todo o mel produzido, disse a ABPM. Nesta safra, foram reados cerca de R$ 19,5 milhões com esses aluguéis. Volume significativo, mas que garante a produção dos pomares e o movimento financeiro previsto de R$ 9 bilhões em toda a cadeia produtiva.
Todo o ciclo produtivo da maçã gera um alto volume de renda no campo, beneficiando famílias inteiras que se dedicam a diferentes atividades desta cadeia”, enfatiza o diretor-executivo da ABPM, Moisés Lopes de Albuquerque.
O engenheiro agrônomo e diretor de comercial da ABPM, Celso Zancan, disse que os altos volumes de chuvas e dos ventos fortes que atingiram as regiões produtoras não comprometeram o potencial produtivo das macieiras. Segundo ele, as árvores tiveram alta floração e necessitam apenas de 10% das flores para atingir a carga de produção. Assim, apesar de algumas perdas, os pomares frutificaram bem nesta temporada.
Outra característica que influenciou foram as temperaturas mais amenas, mesmo com as chuvas. Isso fez com que a brotação da macieira ocorresse de forma mais lenta. Em condições mais quentes, a flor da macieira fica cerca de 24 horas com viabilidade para ser polinizada e frutificar. Com os dias mais frescos, o prazo foi estendido para até 72 horas, o que favoreceu o trabalho das abelhas.
“As flores ficaram receptivas por mais tempo. A florada se estendeu e tivemos um bom período para a frutificação, por isso a produção será maior”, contou. As colmeias ficaram até 45 dias em alguns pomares para aproveitar o máximo das flores, relatou Zancan. Apesar de notícias sobre a influência do clima na desorientação de abelhas silvestres, o diretor disse que não houve mudança excepcional de comportamento nos pomares de maçã.
“Temos a contagem de abelhas por saída das colmeias. Pelas análises de campo, aparentemente está normal”, pontuou. Como o período da florada não foi concentrado, os fruticultores poderão ter mais trabalho no raleio químico das macieiras e na colheita, finalizou Zancan.
Com informações: Globo Rural